A doença de Menière afeta de uma forma progressiva o equilíbrio e a audição. Decorre com ataques de vertigem severa, zumbidos flutuantes, surdez progressiva e sensação de pressão no ouvido doente. Atinge 0.2% da população, entre a 3 e a 7ª década de vida e com um discreto predomínio no sexo feminino. 8 a 9% dos pacientes apresentam uma história familiar da doença.
A causa da doença permanece desconhecida, contudo, muitos factores, alérgicos, inflamatórios, podem estar envolvidos no aumento da pressão do liquido endolinfático, da hidropsia endolinfática, com danos nas células ciliadas do ouvido interno.
Os sintomas variam de pessoa para pessoa e ao longo do tempo. Ataques de vertigem com duração superior a 20 minutos e inferior a 24 horas, com náuseas e vómitos, que podem ser precedidos por zumbidos, perda de audição e sensação de pressão no ouvido afetado. Os episódios podem ser diários, ou separados por semanas, meses ou mesmo anos, o que torna a doença imprevisível e gera ansiedade acrescida. Entre os episódios de vertigem pode persistir o desequilíbrio e a perturbação com os movimentos. Com a evolução da doença a perda de audição, especialmente nas frequências graves, e o zumbido podem tornar-se permanentes.
O diagnóstico da doença de Menière é clínico. Os exames complementares audiovestibulares para caraterização da doença são necessários e a ressonância magnética nuclear obrigatória, para exclusão de causas centrais.
O tratamento pretende reduzir e controlar os sintomas, evitando novas crises. Inclui dieta, modificação de estilos de vida, medicação, tratamentos intra-timpânicos e em casos específicos cirurgia. A reabilitação vestibular pode ter indicação nos períodos intercrise de forma a reduzir a instabilidade e perturbação com os movimentos que se instalam com a progressão da doença. O manejo do zumbido e as próteses auditivas são outras opções terapêuticas.