A vestibulopatia bilateral (VB), é um estado clinico em que existe ausência ou compromisso severo do reflexo vestíbulo-ocular, podendo manifestar-se de várias formas:

  • episódios recorrentes de vertigem seguidos do desenvolvimento de sintomas de perda de função vestibular bilateral, por exemplo decorrente da doença de Menière bilateral
  • instalação súbita ou rapidamente progressiva de sintomas de VB, como pode ocorrer na instilação de gentamicina intratimpânica
  • instalação gradual dos sintomas clínicos da VB, sem episódios de vertigem, ou seja lentamente progressiva, como em situações idiopáticas ou autoimunes
  • sintomas clínicos de VB combinados com défices neurológicos (polineuropatia periférica e/ou ataxia cerebral).

Os sintomas mais frequentemente referidos pelos doentes com VB são por ordem decrescente a instabilidade, especialmente no escuro e em piso irregular em 91%, a tontura cronica em 58%, a oscilopsia em 50%, a vertigem recorrente e perda de audição em 32% e os acufenos em 15%.

As queixas podem ser agravadas se simultaneamente se encontrarem afetadas as outras aferências sensoriais, como na presença de cataratas ou degenerescência da mácula e na neuropatia periférica diabética. A perturbação do sono com cansaço crónico, a medicação sedativa vestibular, a medicação antihipertensiva com eventual hipotensão ortostática e a prática de atividade física deficitária com baixa reserva muscular podem estar implicadas na exacerbação dos sintomas.

Os sintomas da VP têm um impacto físico, cognitivo e social determinante na qualidade de vida destes pacientes. Os doentes evitam actividades que possam desencadear queixas, limitando a vida social, o absentismo ao trabalho ou à escola é frequente, a depressão, cansaço, dificuldade na concentração, perturbação na memória, desorientação espacial e perturbação do sono são com frequência referidos.

A história clínica complementada pela avaliação otoneurológica do doente no consultório e pelos exames vestibulares, nomeadamente a videonistagmografia para avaliação das baixas frequências e o vídeo head impulse teste para avaliação das altas frequências, permitem fazer o diagnóstico. O papel da reabilitação vestibular nestes doentes é fundamental de forma a permitir uma vida pessoal, social e profissional ativa.