A Vertigem Postural Percetual Persistente ou de uma forma abreviada a 3PD corresponde a um mau funcionamento crónico do sistema vestibular e do cérebro, apresentando os doentes queixas de vertigem não rotatória e instabilidade persistentes. Mais frequente em mulheres com uma média de idade de 40 anos, pode, contudo, ter o seu início na adolescência.

O doente apresenta queixas diárias, com mais de 3 meses de evolução, de cabeça nublada, pesada ou leve, desorientação espacial e visão desfocada. Sensação de movimento mesmo estando parado, como se estivesse num barco, sensação de flutuação, andar sobre algodão ou de caminhar no espaço bem como instabilidade na marcha. O desencadear dos sintomas pode ou não estar relacionado com os movimentos bruscos, mas são habitualmente agravados por eles. A exposição a estímulos visuais em movimento, como autoestradas, deslizamento do ecrã no telemóvel, padrões visuais complexos, como centros comerciais ou supermercados, espaços amplos sem pontos de referência, é muito perturbadora. A hipersensibilidade visual é uma constante na 3PD.

O impacto das queixas na vida do paciente é gerador de stress e sensação de impotência.

Esta entidade neurológica funcional, é provocada por uma má adaptação a um evento otoneurológico inicial, como o défice vestibular agudo, a vertigem posicional paroxística benigna recorrente, a migraine vestibular ou um stress psicológico agudo, favorecida especialmente por personalidades ansiosas e hipervigilantes. A manutenção posterior do quadro resulta da alteração da integração pelo sistema nervoso central das informações sensoriais provenientes dos músculos articulações…, visão e vestíbulo, com estratégias posturais desadequadas. Há como que uma resposta desproporcional a um evento inicial que depois é mantida por estratégias funcionais erradas, com receios, medos, perturbações fobicas e comportamentos de evitação.

O tratamento médico baseia-se numa abordagem em três frentes. Utilização de antidepressivos em baixas doses, mesmo em doentes sem sintomas psiquiátricos, e por um período de tempo prolongado. Reabilitação vestibular com o objetivo de dessensibilizar o sistema vestibular, diminuir a preferência visual e promover a habituação. Terapia cognitivo-comportamental focada na alteração de respostas emocionais mal-adaptadas através da modificação de pensamentos e comportamentos. Tem como objetivo modificar o esquema emocional patológico pela exposição ao desencadeante, providenciando novas informações que contradizem a associação irrealista do sintoma a eventos catastróficos (mover a cabeça para o lado do ouvido que funciona pior, apesar de perturbador não vai desencadear um episódio semelhante à crise inicial de vertigem, ir a um centro comercial cheio de gente não vai provocar uma crise violenta de vertigens). Associar técnicas respiratórias e de relaxamento à terapia cognitiva comportamental e à reabilitação vestibular, bem como consciência corporal vão facilitar todo o processo de recuperação.